Diversos

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O 3° colocado

Paixão Colorada do Jornal o Diário da Encosta da Serra
Numa das últimas “Paixões Coloradas” que escrevi, afirmei que tínhamos estragado a festa de vice-campeões deles, com o empate no Gre-Nal na última rodada do Brasileirão 2012. Logo veio um daqueles “imortais” que só aparece quando estão na boa e roncou grosso pro meu lado: “Quem disse que comemoraríamos o vice?” Pois eis que nesta quinta-feira, ao abrir o Jornal O Diário, vejo, outro “roxo” feliz da vida por que terminaram o Brasileirão na 3ª posição. Se boiar, vai ter até DVD comemorando o feito. Obviamente que nesse período de entressafra do futebol, sobra pouco para escrever, mas falar em ser campeão do Mundial de Clubes em 2013 é devaneio demais para a minha cabeça.
A verdade é que eles vivem de ilusões e se conformam em estar entre os primeiros. Já o nosso glorioso Colorado pensa grande e busca sempre os títulos (Tá certo que anda difícil de achar). Se tivéssemos o mesmo pensamento do arquirrival, certamente teríamos alcançado o 2° lugar no Brasileirão 2012, mas quando vimos que já não dava mais para alcançar o Fluminense, começamos a pensar em 2013, que começa, obviamente, pela conquista do Gauchão.  Plantel nós temos de sobra e agora com o Dunga e o Paulo Paixão ninguém nos segura. Ah, e com a vinda do Souza o time ficará ainda mais forte. Pena que o Imortal não se interessou pelo Bolivar, ele se encaixaria como uma luva no time do Luxa.
Um bom ano de 2013 para todos os desportistas que leem essa coluna e entendem o sentido dela. E fica aqui minha torcida para que na atual temporada, vermelhos e azuis melhorem muito para que mais gente queira escrever nesse espaço, pois tem muitos que só aparecem quando tudo está às mil maravilhas.
 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Recomeço em Estância Velha


Curtas de Estância Velha do Jornal O Diário da Encosta da Serra
Recomeço
Embora tenha vencido as eleições em 7 de outubro passado, o segundo semestre de 2012 não foi fácil para o prefeito Waldir Dilkin e sua equipe a frente do Executivo Municipal. Além das dificuldades naturais para administrar um município em constante crescimento populacional, como é o caso de Estância Velha, ele teve de enfrentar o problema do fechamento das contas. Para não ser pego pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o prefeito exonerou vários servidores em cargos de comissão (CCs). E ele explicava, na época, que os gastos estavam crescendo, pois a população cresceu muito, exigindo mais investimentos. Outro problema crucial foi a redução do Fundo de Participação dos Municípios em quase R$ 3,7 milhões para 2012.
Momento novo
A responsabilidade de um prefeito, não importa o tamanho de seu município, é sempre enorme. Se tudo correr às mil maravilhas, ainda assim sempre haverá algum opositor desencavando algo que não saiu cem por cento para tentar manchar a imagem do administrador. O que dizer, então, quando se tem problemas como Estância Velha ainda enfrenta nas áreas da Saúde e da Educação. Talvez aí se explique a emoção e a voz embargada de Waldir em seu discurso de posse, na tarde de terça-feira. Cidadão de bem, preocupado com a sua comunidade, ele sabe que serão mais quatro anos de muito trabalho, muita pressão e muita cobrança. Torço para que todos os empossados na terça-feira estejam imbuídos do mesmo sentimento de respeito e vontade de fazer o melhor pela comunidade estanciense.
Educação e saúde
Engana-se quem pensa que o prefeito Waldir passará os próximos quatro anos somente pensando em manter as contas de Estância Velha em dia. Na Educação, ele já anunciou que pretende implantar atendimento em turno integral, no mínimo, em duas escolas. E na Saúde, melhorar o atendimento é sua meta primeira. Nesse sentido, o Hospital Municipal deverá receber atenção especial.
Bom exemplo
Sempre gostei de falar de coisas boas, mais ainda nesta época de festas e recomeços. Aí me ocorreu que uma iniciativa louvável em Estância Velha, lançada em março do ano passado e que espero seja fortalecida ao logo do ano que ora se inicia, é a parceria da Prefeitura com a Acinplas e Suzuki Recicladora. Trata-se de campanha que tem por objetivo conscientizar a comunidade na preservação do meio ambiente por meio da reciclagem. O projeto consiste na coleta de sacos e sacolas plásticas que são reciclados e transformados em kits com bancos, mesas e floreiras para as escolas.

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Posse dos eleitos em Linha Nova


Curtass de Linha Nova do Jornal O Diário da Encosta da Serra
Posse dos eleitos
Acontece às 10 horas da manhã do dia 1° (próxima terça-feira), no Ginásio Esportivo do Centro, a solenidade de posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores para o período de 2013 a 2016. O prefeito Nicolau Haas (PDT) segue no comando da Prefeitura por mais quatro anos, pois na eleição de outubro, ele venceu seu oponente, Remi Schroer (PT) por uma diferença de 176 votos. Em números percentuais, Haas teve aprovação de 56,84% dos eleitores de Linha Nova.
Proposta séria e justa
Logo após a vitória nas urnas, o prefeito, em entrevista ao Jornal O Diário, disse que o fator mais determinante para a reeleição foi a sua proposta de governo, séria e justa, baseada na realidade financeira do município. Disse também que contou com o voto consciente e responsável de pessoas que souberam reconhecer o esforço e o trabalho realizado por sua administração.
Asfalto
Na mesma ocasião, Nicolau Haas anunciava a vontade de que Linha Nova conquiste cada vez mais seu espaço na economia do Estado e no turismo e ressaltou que seu município foi o único no país a conquistar um acesso asfáltico com recursos próprios sem comprometer as demais atividades da Administração. A pavimentação asfáltica desde a Estrada Presidente Lucena, em Picada Café, até o Centro de Linha Nova poderá dar nova motivação ao turismo colonial.
A volta de Guiomar
O ex-prefeito Guiomar Wingert (PDT) volta a ocupar cargo público eletivo. Em 2009 ele transmitiu o cargo de prefeito ao seu correligionário Nicolau e nesta terça ele assume uma cadeira no Legislativo como o vereador mais votado no município. Guiomar pode, inclusive, ser o novo presidente da Câmara e, assim, dar posse a Nicolau. A coligação PDT/PTB/PMDB/PSDB conquistou seis cadeiras no Legislativo, contra três da coligação PT/PP.
Silvicultores
A Secretaria Municipal da Agricultura avisa que os silvicultores devem renovar seus cadastros a partir de janeiro de 2013. O atendimento é feito na própria secretaria, junto à Prefeitura. A renovação é anual e é necessário o registro para comercialização das acácias, eucaliptos e pinos. Cerca de 250 produtores devem efetuar a regularização.
Sementes de milho
O secretário Cristiano Nienov informa aos produtores rurais que ainda há sementes de milho da marca Santa Helena disponível na Secretaria da Agricultura. 
Recesso na Emater
Depois de um ano de muitas atividades, a Emater de Linha Nova entra em recesso no mês de janeiro, voltando com todo o gás a partir de fevereiro.
“Queremos que Linha Nova conquiste cada vez mais seu espaço na economia do Estado e no turismo e estamos com a atenção voltada para isso.” (Nicolau Haas)

 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


Um sonhador


Sempre fui um sonhador. Nos meus pensamentos e devaneios, ao longo dos anos, acumulei sonhos utópicos onde todos viviam felizes, sem intrigas, sem maldade, com respeito, solidariedade, alegria. Sempre tive dificuldades em confrontar meus projetos com a realidade dura desse mundo individualista e ganancioso. Quase sempre abandonei (ou adiei) meus sonhos diante dos primeiros obstáculos.

Assim, nestes 56 anos completos hoje, tudo que construí foram as amizades. Até mesmo os filhos especiais que tenho, reconheço que eles o são graças à dedicação e competência da mãe deles. Atravessei esses anos todos apenas sonhando com um mundo melhor, mas com pouca ação na busca da transformação tão necessária. Não me sinto infeliz assim, mas reconheço que eu poderia ter realizado muito mais.

Competência, sem falsa modéstia, acredito que não me faltou. Fazer o que? Este é o meu jeito de lidar com a vida e aqui estou, agora, com pouco ânimo para novos empreendimentos, com receio de retomar alguns que já estiveram bem encaminhados. Por isso, peço a Deus que me oriente e conserve minhas amizades e o amor de meus filhos, da mãe deles e de meus familiares. E se não for pedir demais, que me dê muitos anos de vida; quem sabe alguns sonhos ainda possam se tornar realidade. Afinal, utópico é não sonhar.

 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


A gente era feliz e não sabia


Eu nasci numa madrugada de segunda-feira, aos 27 dias no mês de fevereiro de 1956. Minha família já era urbana, morava de aluguel numa casinha humilde, embaixo de um grande pinheiro no hoje chamado Bairro Rincão, em São Francisco de Paula. Meus pais, como a grande maioria dos brasileiros, naquela época, apostavam na industrialização do país, progresso que traria vida melhor para todo o povo. Oito anos mais tarde estávamos, definitivamente, morando no Vale do Sinos, apostando que tudo seria melhor. Hoje temos um pouco mais de conforto, reconheço, mas será que temos mais qualidade de vida?

Depois de uma certa idade, nos tornamos nostálgicos e tenho pensado em reunir meus amigos para celebrar meu aniversário. Sou grato a Deus por estes 56 anos de vida e tenho vontade de rever velhos amigos. Ocorre, entretanto, que não é tão fácil promover uma festa para dezenas de pessoas.

Pensando sobre a festa que gostaria de fazer no meu aniversário me veio à mente o quanto havia de equívoco, lá nos idos das décadas de 1950/60. O êxodo rural enriqueceu uma meia-dúzia, dizimou costumes tão belos e isolou as pessoas. Antigamente, embora não se tivesse dinheiro, como continua acontecendo hoje, não era preciso agendar visitas e nos aniversários era uma festança só. A parentada e os amigos chegavam sem avisar. Sempre havia algumas galinhas no quintal, ou uma lata de querosene cheia de carne de porco conservada na banha. Aí, bastava uma gaita e um violão e todos dançavam e se divertiam uma noite inteira. A gente era feliz e não sabia.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Pra tudo, tudo, se acabar na quarta-feira...

Desde minha tenra idade, sempre gostei de Carnaval e até, por um curto período, integrei um bloco que participava dos festejos de momo em Santo Antônio da Patrulha e Região. Sei que o momento não é para pregar moral, mas me preocupa a grande inversão de valores que temos vivido atualmente. Aliás, faltam-nos valores.

Quarenta anos atrás, quando comecei a participar de festas, entre elas o Carnaval, cometia-se exageros, obviamente. Mas os excessos não eram exaltados. As pessoas extravasavam nessas ocasiões, porém alguns princípios que nos regiam evitavam que agredíssemos (até a morte, como temos visto nos noticiários) alguém que olhava para a garota que estávamos interessados, ou alguém com comportamento “diferente” no nosso.

Sem medo (ou com medo, não sei?) de parecer careta ou antiquado, asseguro que o desprezo pela religiosidade tem contribuído para esse pandemônio que vivemos. Hoje, cometemos exageros e depois não refletimos sobre eles e a consequência é passarmos a achar que tais coisas são normais.

Bons tempos aqueles em que, mesmo a contragosto (por obediência a nossos pais) íamos à Igreja na Quarta-feira de Cinzas e, ainda que timidamente, pedíamos que Deus nos perdoasse e orientasse.

sábado, 4 de fevereiro de 2012


Beleza não tem tamanho

Quem só procura beleza nas coisas grandes pode deixar de ver maravilhas da natureza. As fotos abaixo comprovam isso.

A florzinha do brejo que nasce no meio da grama...

 ... tem sua beleza única

E esta florzinha...

... que maravilha

 A flor da melancia...

... esconde uma beleza singular

A pitangueira também guarda...

... uma beleza imensa em suas flores

 

Nasci jornalista, tenho certeza!

Postado no Blog Oficina de Jornalismo do Correio do Povo em 10 de novembro de 2011
Polícia é a editoria preferida de Lu
Seguindo o ciclo de conversas com os jornalistas do Correio do Povo (CP), durante a Oficina de Jornalismo, a tarde de quinta-feira foi com a chefe de reportagem Luciamem Winck. Durante duas horas, ela contou fatos de sua trajetória profissional.
Com 25 anos de profissão, Luciamem atua há 18 anos no CP. O início de sua carreira foi na editoria de Polícia. Ela lembrou detalhes de uma época em que não havia facilidades como o telefone celular, a câmera digital, internet - “era uma cobertura diferente do que é hoje”. Atualmente, segundo a jornalista, existe muito o “Ctrl+C e Ctrl+V”.
A chefe de reportagem relatou para os estudantes algumas grandes coberturas que teve a oportunidade de vivenciar, como, por exemplo, sua primeira tarefa como repórter, quando foi designada para fazer a matéria de um homicídio, mas no caminho acabou encontrando presos em fuga e decidiu, por conta própria, mudar sua pauta. A matéria, lembra Luciamem, rendeu a capa do jornal, mesmo após algumas broncas da chefia.
Entre tantas coberturas jornalísticas, ela destacou sua viagem à China, em 2001, na comitiva do então governador do Estado Olívio Dutra; uma entrevista com o assaltante Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, publicada no CP, a qual considerou sua melhor reportagem recente. Luciamem lembrou de todas com muito carinho e o esforço de fazer reconhecer seu valor dentro da redação. “Quando comecei, não tinha mulher na editoria de polícia. Precisei mostrar que eu tinha condições de entrar naquele meio”, relatou.
“Jornalista é idealizador”
Luciamem pensava que poderia mudar o mundo, contou, confessando-se um pouco  frustrada após reportar tantos problemas do dia a dia da comunidade e que muitas vezes seguem sem solução.
Hoje na chefia de redação do CP, diz que sente falta, nos principiantes, do verdadeiro gosto pelo jornalismo, pela pauta e a emoção da profissão. “Eu nasci jornalista, tenho certeza!”, revela. Com este sentimento, prossegue a oficina de jornalismo do CP até dia 12, quando será publicado um caderno especial com a produção textual dos participantes, que será distribuído na Feira do Livro.

A experiência de Lu, uma aula e tanto
Por Augusto Pinz
Fotos: Carolina Luz

Estudantes de vários municípios visitam a Feira

Postado no Blog Oficina de Jornalismo do Correio do Povo em 8 de novembro de 2011

A Feira do Livro de Porto Alegre é uma excelente oportunidade para as escolas, não apenas da Capital, mostrar aos seus alunos o encanto e a magia da literatura. Diariamente, grupos de estudantes de todo o Estado têm visitado o evento, como foi o caso dos alunos da 8ª série e Ensino Médio da Escola Educar-se, de Santa Cruz do Sul, que conheceram o espaço nesta terça-feira (8).

Grupo de alunos de Santa Cruz do Sul prestigiou a Feira
A professora de Literatura Sônia Maria da Luz, uma das responsáveis pelos alunos da Educar-se, conta que a escola procura trazer os estudantes todos os anos à Feira e considera este um momento ímpar de aprendizagem, onde os alunos podem se movimentar com tranquilidade, fazendo suas próprias descobertas.
 Texto e fotos: Fernando da Silva Santos

 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Momentos felizes

Tempos atrás, um compositor, desses que hoje seria sertanejo universitário (Na época era brega, mesmo.), cantava: “felicidade não existe; o que existe na vida são momentos felizes.”

Pois a vida é, realmente, um somatório de momentos ou ciclos. Finda-se um e já começa outro. E mesmo quando acaba por que, naturalmente, tem que acabar, como no caso do término de um curso, sempre fica aquele resquício de saudade. O que dizer, então, quando um de nossos ciclos é interrompido abruptamente? Forma-se um vazio enorme, ainda que saibamos que a ruptura seria inevitável.

Assim me sinto, profissionalmente, neste momento. Está se acabando mais um ciclo da minha trajetória no jornalismo. Como diria o Paulo de Tarso, “combati o bom combate” e parto para outro desafio de cabeça erguida, convicto de que dei o melhor de mim.

Enquanto o tempo não apaga o sentimento de perda, vou, mentalmente, enumerando tudo que me trouxe momentos felizes nessa jornada. E o resultado não poderia ser outro. Valeu a pena, pois adquiri e reparti conhecimentos, fui e conquistei amigos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Paixão Colorada - Decisão

(Publicada no Jornal O Diário da Encosta da Serra)

Quando vi a tabela do Brasileirão, lá no fim do mês de abril, início de maio, imaginei (leia-se sonhei) que pudéssemos ter uma decisão do maior campeonato de futebol do mundo, disputada entre Inter e Grêmio, ainda por cima, no Beira-Rio. A tabela propiciava isso, nossos clubes, infelizmente, não corresponderam. Aliás, corrigindo, para que os colorados roxos não me apedrejem, eles, os imortais (fantasmas), não tiveram fôlego e, no máximo, tentarão estragar a nossa festa, dia 4 de dezembro.

Decisão II
Eu preferiria que a decisão acontecesse no Gre-Nal. Melhor ainda se eles tivessem a real possibilidade de chegar ao título. Já imaginaram que maravilha, na última rodada do Brasileirão, o nosso clássico, o maior do país, valendo o título? É! Seria “mara”! Mas falta muito para o time da Azenha nos acompanhar. Assim, a decisão foi antecipada e teremos, agora, no domingo, o confronto que poderá apontar o campeão da temporada. O Corinthians tem alguma vantagem (Alguma, não: muitas!), a começar pelos números na tabela de classificação, passando pela qualidade do time do Parque São Jorge, até as escorregadas das arbitragens, que sempre se dão a favor do Timão.

Decisão III
Desde que passamos pelo Barcelona, do Ronaldinho (aquele que não quis voltar pra Azenha no início do ano), temos desperdiçado oportunidades em cima de oportunidades. A minha expectativa é que, principalmente, a direção colorada tenha aprendido a lição e que no domingo, o time entre em campo sabendo que se trata, realmente, de uma decisão. Jogando em casa, sem se achar o “campeão de tudo”, com apoio da torcida, podemos vencer o Corinthians, passando por cima da mídia, da arbitragem e de tudo mais que possa vir. Com esses três pontos, o Inter seguirá vivo na competição, não por uma vaga na Libertadores, mas sim pelo título do Brasileirão. Tá mais do que na hora de levantarmos o caneco nacional novamente.

O retorno
Sem ataque (e isso não é nenhum ataque ao Jô), o Inter tem o maior número de gols marcados no Brasileirão. Imagina o que esse time poderá fazer nessas rodadas finais, com o retorno do Leandro Damião. Por isso, volto a insistir: é hora de colocar os pés no chão, seguir o exemplo “varzeano” do próprio Damião (não tem bola perdida) e brigar com unhas e dentes. Temos tradição, temos estrutura e temos plantel qualificado. Vamos à luta.

Ronaldinho
Não gosto dessas provocações, mas o profissionalismo me faz mencionar o caso Ronaldinho. Enquanto no Beira-Rio nos preparamos para mais uma decisão, na Azenha eles se preparam para descarregar as suas mágoas contra o Ronaldinho. Serão dois domingos com todos os holofotes voltados para Porto Alegre. No primeiro, porque estará em campo aquele que levantará a taça no final do ano; no segundo, pelas ameaças, lamentáveis, que têm sido feitas ao jogador que, talvez por ser colorado, ou por preferir as praias cariocas, tenha se negado a retornar ao clube de origem e, logo ali adiante, jogar no banhado da Humaitá.

Arena
Ao referir-me à Arena Tricolor como banhado da Humaitá, não posso esquecer que a obra, que segue a toque de caixa, vai mudar a paisagem de Porto Alegre. E isso também me faz pensar que a diretoria “Campeã de tudo” continua enrolada e nada se resolve sobre as reformas do Beira-Rio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011


Abaixo o fanatismo

Publicado no jornal O Diário da Encosta da Serra

Gostar de futebol é uma coisa, ser fanático é outra. Sou terminantemente contra o fanatismo, em qualquer circunstância. Dou um bom (mau) exemplo de gente que tem dificuldades para separar as coisas: Quando o Grêmio ganha e o Inter perde, um colega aqui do Diário me espera na porta do jornal para aquela gozação, o que eu recebo com a maior tranquilidade. Quando acontece o inverso, como no final de semana, o cara corta voltas para não chegar perto de mim.

É campeão
Da última quarta-feira até às 18h15 de sábado (mais ou menos), tinha gremista encomendando faixas de campeão e imaginando como seria a festa tricolor, no dia 4 de dezembro, em pleno Beira-Rio. Depois de vencer o Santos, o Grêmio acumularia vitórias e, no Gre-Nal marcado para a última rodada, levantaria o caneco. A volta à realidade veio no início da noite de sábado, quando o Roth conseguiu mandar a campo o seu time ideal, com meia dúzia de volantes. Não adianta se iludir com uma ou duas boas atuações.

Campeão de tudo
Da mesma forma, me preocupa ver alguns colorados estufando o peito neste início de semana por que atropelamos o Vasco. Futebol não se avalia por um resultado isolado. A regularidade é fundamental para que se chegue aos objetivos. Nem Grêmio, nem Inter, nem ninguém, neste Brasileirão, tem mostrado regularidade. Por isso, continuo afirmando que não dá para dizer que esse ao aquele será campeão.

Coerência é preciso

Lembram quando todo mundo criticava o Alecsandro e se dizia que ele não poderia ser titular do Inter? Pois é! Agora vamos nos encher de razão por que não levamos gols do Vasco, que veio a Porto Alegre com o mesmo Alecsandro no comando do ataque? Coerência é preciso!

O mesmo mal
Entendo que nós, aqui no Sul, gremistas e colorados, estamos enfrentando problemas semelhantes com nossos times. Falta comando, dentro e fora de campo e isso se reflete nessa irregularidade que temos visto. As dificuldades não estão no calendário da competição, nem nas arbitragens ou na fórmula da competição. Elas aparecem pela falta de coerência e pela falta de convicção de nossos técnicos e dirigentes.

Meio a zero
Da última vez que ocupei este espaço, ao prestar uma homenagem ao Escurinho, usei a expressão “meio a zero” e prometi que voltaria ao assunto. Pois quando pensei na falta de regularidade de nossos times, lembrei-me novamente disso. Um time que tem regularidade não perde qualquer jogo; ganha, pelo menos de “meio a zero”. E lembro de um jogo encardido, lá no fim da década de 1960, início dos anos 70. O compromisso era na fronteira, não me recordo se em Bagé ou Santana do Livramento. O time atacava por todos os lados, a defesa tirava até pensamento. Tínhamos um lateral chamado Edson Madureira. Já estava escurecendo, no final da tarde de domingo, o Madureira foi cruzar uma bola, pegou mal no pé e ela foi na direção do gol e ficou presa entre a trave e a rede. No luz-que-fusque, o lateral colorado correu para o centro do campo vibrando. O bandeirinha também correu na mesma direção e ao árbitro só restou validar o gol. E a bola estava lá, presa na rede. Enquanto os atletas adversários cercavam a arbitragem, um gandula sacudiu a rede e ... a bola caiu atrás da goleira, o que indicava que não entrara e, consequentemente, não foi gol. Pra encurtar o caso: o Inter venceu de meio a zero.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011 - Publicado no Jornal O Diário


Escurinho / Paixão Colorada

O futebol do Rio Grande do Sul está de luto pela morte do Escurinho. As novas gerações talvez não tenham muita informação sobre ele, mas quem já acompanhava o futebol lá na década de 1970, independente de sua paixão clubística, sabe de quem eu falo e do papel que esse cidadão desempenhou. Campeão gaúcho pelo Inter nos anos de 1970, 71, 72, 73, 74, 75 e 76 e campeão Brasileiro 1975 e 76, Escurinho nunca se firmou como titular do Colorado, mas era um jogador decisivo, exímio cabeceador. Naqueles jogos encardidos, em que o 0 a 0 parecia inevitável, quando o treinador o chamava para substituir alguém, a torcida colorada vibrava como se tivesse acontecido um gol. E o temor dos adversários era sempre proporcional à euforia dos colorados. Só se ouvia o pessoal no banco do adversário gritando: “Não deixa cruzar!”, “Cuida o Escurinho na área!”. E quando ele não fazia o gol, por estar muito bem marcado, abria espaço para seus companheiro e, principalmente no Gauchão, o Inter vencia, pelo menos por “meio a zero” (Falarei sobre o meio a zero na próxima oportunidade que ocupar este espaço.).

Meio time na Seleção
Seis jogadores do seu clube convocados para um mesmo jogo reunindo duas das maiores seleções do mundo. Quer motivo melhor que esse para tirar onda com a cara do arqui-rival? Pois eu prefiro seguir com os pés no chão. Dois seis convocados para o jogo Brasil x Argentina, só três eu entendo que realmente deveria ser chamados. O Leandro Damião, que está lesionado; o D’Alessandro, que não está 100% fisicamente; e o Oscar. Os outros três, convenhamos, sem chances. O Kléber tem potencial, mas há muito tempo não corresponde, talvez prejudicado pela falta de objetividade do próprio time do Inter (Que parece começa a mudar um pouco com o Dorival Júnior.). O Bolatti está voltando de lesão e não tem embocadura de jogo. Só não foi criticado depois da partida de domingo em função do golaço que marcou. E o Guiñazu, um guerreiro que, há muito, perdeu o rumo, igualmente não está no nível de seleção. No dia em que surgir um treinador que o faça cumprir uma função marcando por setor, não correndo atrás da bola por todo o campo, talvez possa ser lembrado para a seleção argentina. Não vou mudar minha maneira de ver as coisas só para contrariar os gremistas. Minha alegria por ter a metade do nosso time convocado para um jogo entre Brasil e Argentina não pode me cegar a ponto de não perceber certas incoerências.

A fuga – parte II
É inevitável uma gozação em cima da desistência do Mário Fernandes da Seleção. Na última vez que ocupei este espaço, elogiei o garoto gremista dizendo que queria vê-lo jogando no Inter. E me convenço, cada vez mais, que é justamente isso (não estar no Inter) que está estragando a sua carreira. Abandonar o clube, como o Mário fez logo que chegou a Porto Alegre, e agora não se apresentar à Seleção Brasileira, é algo preocupante. Eu poderia dizer aqui que o problema dele é medo de encarar o Guiñazu, mas ele já mostrou nos Gre-Nais, que não se assusta. Certo é que, como em tudo na vida, as oportunidades passam e nem sempre voltam.

À palmatória
Os que me conhecem sabem que discordo do Raul Petry em muitas coisas, mais ainda quando o assunto é futebol. Mas tenho que fazer coro à sua grita contra a turma do “Já ganhou”. Pouco depois da metade do primeiro turno do Brasileirão, a grande Imprensa dava como líquida e certa a conquista do Corinthians. Não havia adversário para o Timão. Daí o Flamengo apareceu e então foi a glória. Os dois times não apenas decidiriam o título deste ano como nunca mais teriam adversários. Seria Corinthians e Flamengo disputando o caneco e os demais participando, apenas. É só analisar a história dos Brasileirões para ver que este é um campeonato difícil, que normalmente se decide nas três ou quatro rodadas finais. Não dá para assegurar, hoje, que o Vasco será campeão. Temos, pelo menos, nove clubes com condições reais de chegar ao título. Lógico que a vantagem é do Vasco, do Corinthians, do São Paulo e do Botafogo, mas pelo que temos visto, nenhum deles tem uma campanha homogênea que nos leve a crer que a situação é irreversível. Então, chega de “Já ganhou”.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011 - Publicado no Jornal O Diário


Gregos e troianos

No passado, não havia como agradar a gregos e troianos. Mais difícil, ainda, é não desagradar gremistas e colorados. Pois na primeira oportunidade que tive de ocupar este espaço, procurei ser coerente, educado, etc. Os gremistas não deram a mínima e os colorados, que deveriam estar ao meu lado, caíram de pedras dizendo que eu “tava louco”. Continuo achando que fanatismo não leva a nada, mas vou tentar dividir o espaço entre algumas observações e críticas que se fazem necessárias aos dirigentes do meu Inter e a flauta, merecida pra cima dos gremistas.

Papo de rodoviária
Eu continuo não entendendo o destaque que a direção do Inter deu para o caso Bolívar. Que a grande Imprensa, talvez pela falta de assunto, dê importância para o caso, compreende-se, mas a direção teria que evitar tocar no assunto. Tantos foram os jogadores que marcaram época no Inter, nem por isso permaneceram como titulares até não poderem mais andar. Aí vem a direção dizer que o cara pode até voltar à titularidade. E não estou aqui dizendo que a dupla de zaga atual é uma maravilha. Mas não havia mais como manter Bolívar e Índio lado a lado.

Da Várzea
Quando vi o Leandro Damião chutar de canela, no poste, depois levantar a bola daquele jeito (que hoje chamam de lambreta) lembrei logo do meu irmão, Didi, que foi um ilustre desconhecido no futebol. Era ponteiro direito (assim se chamava o atacante que atuava pela direita) do Bauru Esporte Clube, lá em Canudos. Pois meu irmão fazia com muita frequência a primeira parte da lambreta, nunca conseguiu dar o segundo toque na bola. Meu irmão era varzeano, nunca passou disso. Agora, meus amigos gremistas, vamos combinar: chamar de varzeano um cara com as qualidades do Leandro Damião é não conhecer e não gostar de futebol.

Não gosta
Aliás, eu tenho uma tese que se fortalece a cada dia que passa. Se você perguntar para alguém: Você é gremista ou colorado? E o cara responder: Não gosto de futebol! Fique atento, logo ele vai dar uma escorregada e mostrar que é gremista. E só quem não gosta de futebol pode dizer que Damião é varzeano. Brigo, no bom sentido, quando ouço isso. Repito, fanatismo, não. Da mesma forma, brigo quando alguém fala mal do Mário Fernandes. Um baita jogador.

Pro lado errado
Eu sou um sujeito cheio de teses. E tenho uma com relação ao Mário Fernandes. Ele protagonizou um episódio que, felizmente (e é verdadeiro esse meu sentimento) já está superado, de fugir do Olímpico, logo que chegou a Porto Alegre. Pois sabem por que ele sumiu, naquela ocasião? Por que ele veio para o Sul na expectativa de jogar num clube que forma grandes craques e exporta para a Europa. Quando chegou, se deu conta que estava no lugar errado. Saiu e perguntou para o primeiro transeunte, como fazia para falar com o Giovani Luige. O cara indicou a Estação Rodoviária e o menino acabou entrando num ônibus e deu no que deu. Taí um jogador que eu gostaria de ver vestindo a camisa colorada.

Campeões do Mundo
Na noite de segunda-feira, passei por um baita susto. Fui dar uma espiadinha no Concurso Miss Universo. Vocês sabem que a Miss Brasil é gaúcha e gremista. Acessei um site que acompanhava o evento online, a Priscila Machado estava entre as dez finalistas. Logo depois, entre as cinco. Suei frio: “Não acredito, eles vão conquistar mais um título mundial.” E veio o quinto lugar, o quarto e a menina, muito bonita, firme na disputa. Mas ai, ela foi derrubada por uma africana e, como é de costume para os gremistas, ficou em 3º lugar.

Mazembe
Nada como um dia depois do outro. Nós perdemos no futebol, para os africanos, e não disputamos o título do último mundial. Eles caíram diante de uma angolana (muito linda) e viram cair por terra a possibilidade de chegar lá.

Quarta-feira, 31 de agosto de 2011 - Publicado no Jornal O Diário

Pés no chão

Sempre procurei andar com os pés no chão. Às vezes até demais. Dei algumas topadas, peguei bicho de pé, mas nunca botei salto alto. Quem me conhece sabe, digo muita bobagem quando o assunto é futebol. Escrevê-las, jamais! Quando o faço, é por pura ignorância, mesmo! Assim sendo, sou um colorado convicto de que nunca fomos o melhor time do mundo, mesmo na façanha heróica de vencer o Barcelona no Mundial de Clubes.

Quase tudo
Critico os colegas aqui do jornal quando os vejo desperdiçando tempo e espaço com comentários mal embasados sobre o tradicional rival (não importa de que lado se está). Enquanto ficamos aqui chamando o atacante adversário de varzeano ou o meia do outro de mascarado e pipoqueiro, os clubes do centro do país vão acumulando títulos nacionais. Aí eu pergunto: Adianta ser imortal só por que não cai (ou quando cai, logo volta) ou ser campeão de tudo, quando tantos jovens nunca sentiram a emoção de erguer uma taça do Brasileirão?

Melhor escola
Temos aqui no Estado uma das melhores (talvez a melhor) escolas de futebol. Não vou citar nomes para não cometer injustiça com nenhum dos tantos bons jogadores que surgiram na Azenha e na Padre Cacique. Muitos deles nascidos em outros estados, mas vindos muito jovens para aprender aqui. De novo eu pergunto: Se formamos bons jogadores, por que não conseguimos os principais títulos?

Pés no chão II
Que o torcedor seja passional, eu compreendo. Lembro-me quando o Inter perdeu Figueroa, o maior zagueiro que atuou em solo gaúcho nos últimos 50 anos, nós esperávamos o mesmo desempenho do time com o Marião. Para os mais jovens que nunca ouviram falar no substituto de Figueroa, eu digo que Marião seria um tipo de Paulão (aquele que ajudou a livrar o Grêmio da Segundona ano passado) sem Twitter, Orkut ou Facebook, ou seja, muito mais limitado. O torcedor, admite-se, mas dirigente de futebol não pode ser passional. E eu me irrito profundamente quando vejo dirigentes do Inter dizendo que somos o “Campeão de Tudo”. E o que é pior, isso é dito não apenas para provocar o adversário, mas por que pensam que realmente o somos. Assim, levaremos muito tempo para voltar a conquistar o título mais importante que disputamos: o Brasileiro.

No tempo certo
Já se passaram quase seis anos desde a vitória sobre o Barcelona e tem colorado achando que o time do Inter ainda deveria ser escalado com Clemer, Bolívar, Índio, Tinga, Fernandão, Iarley e mais cinco quaisquer. Figueroa, Valdomiro e Falcão continuam sendo meus grandes ídolos, mas há muito não tem mais lugar no meu time, e nem os quero como técnicos ou em qualquer outra função, a menos que provem que têm competência para tal.

Renovação
Formamos atletas aos borbotões. Exportamos garotos “nas pontas dos cascos” e repatriamos ex-atletas. Como vamos formar bons times? Fiquei pasmo quando ouvi, logo depois do Gre-Nal do último domingo, o presidente do Inter dizer que o clube está ultimando a venda de um zagueiro da seleção Sub-20, campeão mundial. Nem vejo no Juan a solução para os problemas defensivos do nosso time, mas o momento era para anunciar a aposentadoria de Bolívar, Índio e Tinga, que foram muito importantes na história recente do Inter, mas não têm condições de estarem entre os titulares.

sexta-feira, 25 de junho de 2010


Mãos, pensamentos e sonhos unidos

A cidade já não dorme como outrora. Nada mais é como fora um dia. Um dia não seria o bastante para compreender essa metamorfose. Os cães latem, como sempre. Eles nunca dormem à noite.
A lua ainda consegue mostrar seu esplendor, apesar das luzes artificiais. Aliás, tanta coisa é artificial. Já passei da minha hora, o sono não vem. Mas sei que logo, independente das minhas ações, o dia amanhece. As nuvens, que aos poucos vão se formando, encobrirão o sol, mas ele brilhará e aquecerá mais um dia. Tudo se forma aos poucos, como as nuvens, até meus pensamentos.
Penso: mais um dia. Novamente, sentirei sono, correrei para cumprir todas as minhas obrigações. E, novamente, deixarei de correr, exercício que me dá prazer e saúde.
Maior que a correria do dia-a-dia, só meus pensamentos, que voam agora para o leste, ao encontro do sol que ainda dorme, há pouco para o oeste, onde a lua já prepara sua cama.
E eu, para onde vou? Meu corpo repousará em seguida, mas minha alma seguirá correndo pelo mundo, extenuada, tentando acompanhar meus pensamentos e sonhos. Se o pensamento me leva para o leste ou para o oeste, aqui no Sul eu busco um norte e corro, pois ainda creio te alcançar.
Sonho que te alcançarei e belas palavras te direi olhando a lua, sempre linda. Minha linda, neste dia não precisarei mais correr. Ai então caminharemos, felizes, lado a lado, aquecendo-nos ao sol, mãos, pensamentos e sonhos unidos.

O reencontro com Portugal

Longe, muito longe da tecnologia que desfrutamos hoje, em 1966 nem todos tiveram o privilégio de acompanhar as transmissões dos jogos da Copa da Inglaterra via rádio. Eu era um menino de dez anos e já acompanhava o futebol, pelos jornais e pelos comentários dos adultos. Os tempos eram outros, criança não se metia na conversa de gente grande, assim, as informações nem sempre chegavam “inteiras” até nós.

Antes da competição começar, a expectativa era ver o Brasil tricampeão. Veio a estréia brasileira com vitória por 2 a 0 sobre a Bulgária. No dia seguinte, a preocupação era com a lesão de Pelé. Mas, com minha família, recém mudada de Sapucaia para Novo Hamburgo, eu tinha a esperança de ver o Alcindo ocupando o posto do Rei para levar nossa seleção à segunda vitória. Não foi o que se ouviu na transmissão. Pior que o som do rádio foi o resultado do segundo jogo: Hungria 2 a 0.

Contra Portugal, dia 19 de julho de 1966 haveria de ser diferente, assim imaginávamos. Pelé voltaria ao time e (Não sei se naquela época Deus já era brasileiro.) haveríamos de vencer e avançar rumo ao tri. O que vimos, ou melhor, ouvimos, foi a violência dos adversários, novamente, contra nosso negrinho. E quem brilhou foi Eusébio (nome que eu nunca esqueci) e para a desolação da torcida brasileira, a Copa do Mundo terminava ali, diante de Portugal. Perdemos o jogo por 3 a 1 e fomos desclassificados prematuramente.

Hoje, passados 44 anos, Brasil e Portugal voltam a se enfrentar na última rodada da primeira fase de uma Copa do Mundo. Felizmente a situação é diferente, a transmissão é excelente (Ainda que pesem alguns narradores dos quais não se possa dizer o mesmo.), não precisamos vencer para seguir em frente e o tri já ficou para trás há anos. Não encaro o jogo de hoje como revanche. Acho que será, apenas, um bom teste para os comandados de Dunga. Aliás, se em 66 eu torcia pelo Alcindo, que era gremista e atormentava nos Gre-Nais, imagina o quanto torço pelo Dunga, coloradaço, gaúcho, que não teme nem mesmo o império do jornalismo brasileiro.

Domingo, 23 de maio de 2010
O tempo parou

Tanta coisa importante eu tenho por fazer.
O tempo é escasso.
Aliás, o tempo não para.
... e eu preciso me organizar.
O tempo voa e, às vezes, parece que com ele lá se vão meus sonhos, minha esperança, minha coragem.
Preciso correr na mesma direção do tempo.
Mas, meu Deus, para que lado o tempo corre?
Tudo corre!
Quase tudo corre na direção contrária a que eu vou.
Teimo em ser coerente;
Tudo na minha volta é incoerência.
Busco a sabedoria...
Tudo que vejo é ignorância.
Clamo por justiça,
O mundo aplaude a injustiça.
Amo a todos, indistintamente,
E o que me cerca é o ódio.
Ando devagar, ou será que não ando?
Meu Deus!
Será que sou incoerente, ignorante, injusto?

domingo, abril 11th, 2010

Que a violência no trânsito não nos seja indiferente

O produto final de um jornal é a informação, a notícia. Tragédias, fatos marcantes e acontecimentos singulares fazem parte do cotidiano jornalístico. Mortes no trânsito, embora tão comuns, ainda mexem com os sentimentos dos profissionais da Imprensa. E o que dizer se a vítima era um jovem, que sentava ao seu lado, diariamente, para trabalhar?
Na noite de quinta-feira, nós do Jornal O Diário perdemos o colega de trabalho Lucas Tomm, de apenas 19 anos, cheio de sonhos, que não media esforços para frequentar os bancos de uma faculdade e que já mostrava talento e capacidade no seu labor. Lucas estava feliz por seus estudos, por seu trabalho e, principalmente, por que começava a constituir uma família. Há poucos dias, contou com muita alegria, que decidiu morar com sua namorada.
Lucas e eu dividíamos a mesma sala no jornal há aproximadamente três meses, quando foi contratado para dar um novo visual ao nosso site. Por sua compenetração no trabalho, por sua maturidade e firmeza nos objetivos, eu não havia reparado que era apenas um menino. Surpreendi-me na sexta-feira quando descobri que ele tinha a mesma idade dos meus filhos.
Não fosse pela proximidade, por ser um colega de trabalho, talvez a morte do Lucas apenas se somasse às estatísticas de motoqueiros que perdem a vida diariamente na nossa região. Sou testemunha de que Lucas não era um desses que andam por ai fazendo loucuras sobre uma moto. Ele era um dos tantos brasileiros que fazia uso da motocicleta para dar conta dos compromissos de trabalhar e estudar. Aliás, outro dia ele me confidenciou que achava muito perigoso o ir e vir de Ivoti até a Feevale, mas a moto tornava o transporte mais econômico.
Condenarmos aqui o motorista que provocou o acidente e a morte, não trará de volta o colega, nem aliviará a dor de seus pais e familiares. Creio, porém, que, pelo bom menino que foi,o Lucas merece que façamos uma reflexão sobre a violência do nosso trânsito. Ele não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último jovem a ter seus sonhos interrompidos brutalmente pela irresponsabilidade de nossa sociedade como um todo. No final de semana já tivemos mais uma morte ali bem próximo, na mesma BR-116.
São tantos os jovens da região que diariamente, como Lucas, depois da jornada de trabalho, se deslocam pela BR-116 para cursar uma faculdade, em Novo Hamburgo ou São Leopoldo. E são tantos os perigos. O trecho da BR-116, entre Ivoti e o viaduto de Estância Velha é escuro, mal sinalizado e tem vários pontos onde conversões são feitas, de forma irresponsável, sem o mínimo de segurança.
Se houvesse um divisor de pista (do tipo blocos de concreto) no local onde Lucas foi morto, o acidente não ocorreria. Aliás, todo aquele trecho, desde o viaduto até a sinaleira da Roselândia, deveria ter algum obstáculo no meio da pista que impedisse as saídas para a esquerda.
E o que dizer sobre a mistura álcool e direção? O Lucas voltava para casa da faculdade, não era um moleque irresponsável. Mas sabemos e admitimos que motoristas embriagados andem, façam manobras absurdas e coloque em risco a integridade de todos nós.
Se não podemos resolver todos os problemas, façamos pelo menos o que está ao nosso alcance. Enquanto não acontece a duplicação da BR-116, vamos cobrar de nossos políticos alguma medida urgente que impeça atos irresponsáveis como o que tirou a vida do Lucas Tomm.
Nós, colegas do Lucas no Jornal O Diário estamos a disposição de quem tiver interesse em discutir os problemas da BR-116 com o propósito de apresentar propostas às autoridades. A sociedade é doente, o trânsito é caótico, não podemos continuar de braços cruzados.

Quinta-feira, 18 de março de 2010

A flor do cactos


Alguns grupos de plantas se tornaram especialistas em viver nas regiões secas, entre os quais estão os cactos. Eles também vivem bem nos jardins, como esse que fotografei na manhã desta quinta-feira entre as folhagens da d. Flor (minha mãe).

Sábado, 19 de dezembro de 2009


Tempo de reflexão

Sempre é tempo de reflexão, mas os apelos da mídia nos tornam mais sensíveis neste período do ano.
Vamos às compras, lembramos de pessoas queridas que estão longe de nós (Oh! são tantas...).
Damos uma "olhadinha" àquelas que gostamos e estão sempre tão perto que nem nos damos conta do quanto elas são importantes para o nosso sustento (no sentido de sustentar uma existência digna e com a verdadeira esperança).
Enfim, refletimos, nos emocionamos com os apelos e as músicas natalinas.
Acredito que Deus não se aborreça com esse comportamento. Mas vale lembrar que, passado o Natal, não devemos jogar numa gaveta qualquer, junto com os adornos da árvore de Natal, o Menino da estrebaria. Ele quer permanecer conosco todos os dias.
Lembre sempre disso, pois só assim teremos, verdadeiramente,
um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de realizações!

msn: nandosantosfe@hotmail.com
Sábado, 3 de janeiro de 2009
Ruim para uns, pior para outros
Depois de um dia de vento forte e queda de temperatura, aqui no Sul do Brasil, a madrugada é de chuva intensa. Nem parece que estamos em pleno mês de janeiro. Tivesse um pouco mais frio e pareceria fim de outono. Ruim para quem está no Litoral, querendo aproveitar suas merecidas férias. Bom, ou providencial, para quem depende da agricultura, pois nem bem começou o verão e nossos rios já agonizam por falta d’água.
Ruim para uns, bom para outros. Isso me faz lembrar que na vida, quase sempre é assim: ruim para uns, bom para outros. Na vida, deveria ser assim, não é verdade? Mas precisamos corrigir a linguagem (pelo menos isso ainda podemos fazer). A vida está ruim para quase todos e boa para uns poucos.
Os caprichos da natureza, eu respeito. Quando a chuva ou o vento frio me desagradam, como hoje, busco alternativas, quando elas são possíveis. Nesta sexta-feira, por exemplo, dormi quase a tarde inteira, tornei a dormir no início da noite, e só por isso, agora, já na madrugada de sábado, estou aqui, sem o menor sono, filosofando sozinho.
O que realmente me incomoda não é a chuva em pleno verão, não é o frio fora de época. A chuva, como tudo na vida, sem excessos, é benévola. O frio, idem. Lamentável é pensar que, por força da nossa falta de consciência, nesta hora, aqui bem perto de onde estou, deve ter muita gente sentindo frio e fome.

Domingo, 21 de dezembro de 2008
Que mundo temos construído para vivermos
Essa imagem, que encontrei no ClicRBS, mostra o quanto nós, seres humanos, somos selvagens e desrespeitamos nossos semelhantes.
Que sonho de vida deve ter essa menininha e que esperança ela pode ter?

Domingo, 24 de agosto de 2008
O Inverno Eterno
Os dias começam a ficar mais longos, os pássaros cantam mais alegremente e as plantas florescem. São prenúncios de que o Inverno está indo embora. Vem aí a Primavera, tempo de renovação da vida, de recomeço, tempo de esperança. Basta abrirmos uma janela e prestarmos atenção e veremos um passarinho transportando ou procurando um pequeno galhinho seco para construir o seu ninho, pois, diferente de nós humanos, eles precisam reconstruir suas “casas”, ano a ano. Eles não têm o direito à propriedade e nem estocam mantimentos de uma temporada para a outra.
Em que pese os rigores do Inverno que ora vai se acabando, cá estão eles, de volta, alegres a cantar. Assim são os pássaros. Aí, quando olho ao meu redor e vejo tanta gente sofrendo e fazendo sofrer, uns estocando cada vez mais riquezas e outros não tendo acesso ao mínimo necessário para construir seus ninhos, percebo o quanto somos individualistas e gananciosos e o quanto não valorizamos o bem maior que temos: a vida.
Talvez seja por isso que, a cada dia, aumenta entre nós este sentimento de solidão e esse medo do “inverno eterno”.


Sábado, 19 de abril de 2008
Aproveitar o tempo
Quisera eu que os dias tivessem 25, 26, quem sabe 30 horas (Sem nenhuma intenção de fazer comercial para o banco aquele.). A semana também poderia ter, pelo menos, mais um dia. Talvez assim, eu conseguiria atualizar minhas leituras, visitar todos os meus amigos no orkut e falar um pouco do quanto tem sido importante e edificante para mim o Seminário de Teologia. Ah, se o dia tivesse mais algumas horas, poderia, inclusive, dormir um pouco mais.
Mas, como isso está fora de cogitação, e os dias seguirão com apenas 24 horas e cada semana terminará no sétimo dia, não me resta outra alternativa. Só me resta organizar melhor os meus horários e aproveitar cada minuto, cada segundo tão preciosos desta vida que é uma dádiva de Deus.


Sexta-feira, 2 de novembro de 2007
O Centro do Universo
Sou um ser importante do Universo. Não apenas do meu Universo, mas de todo este vasto mundo que, creio, foi criado por um ser superior que muitos, entre eles eu, chamam de Deus. Independente da formação cristã que tenho, entendo que sou importante, mas não o mais importante.
Por mais esclarecidos que pensamos ser, de tempos em tempos (Felizmente, comigo, não com muita freqüência.), queremos ser o centro do Universo. Começamos a achar que todas as coisas estão erradas, que ninguém nos dá ouvidos, que tudo seria bem diferente se estivéssemos no comando das ações. Tudo correria melhor se fossemos o centro das atenções. Quando passamos por estas fases de “desvio de função”, sofremos e deixamos de cooperar para que a vida ao nosso redor seja melhor.
Racionais, dotados de uma inteligência superior com relação às demais criaturas do Universo, nós, humanos, devemos viver com o objetivo de fazer com que a existência de todos, indistintamente, seja melhor. E uma coisa que aprendi há muito tempo: devemos dar bons exemplos, pois sempre haverá alguém se espelhando nas nossas atitudes, nos nossos gestos.
Por isso, mesmo não sendo o centro do Universo, sei o quanto é importante praticar o bem e passar bons exemplos aos que me rodeiam.

Eu só peço a Deus
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente,
Que a morte não me encontre um dia
Solitário, sem ter feito o que queria.
Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente,
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente.
Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente,
É um monstro grande e pisa forte,
Toda a pobre inocência desta gente.
Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente.
Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganado
Pra viver uma cultura diferente.
(Leon Gieco)


Segunda-feira, 15 de outubro de 2007
O encontro
“O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.”
(De uma carta de Hélio Pellegrino)

Sábado, 13 de outubro de 2007
Dia do Professor - ainda há o que comemorar?
Comemora-se nesta segunda-feira, o Dia do Professor. Acho até que ficaria melhor dizermos que, anos atrás, comemorava-se no 15 de outubro, o Dia do Professor. Os tempos são muito difíceis para esta categoria, não apenas pelas questões salariais, mas, principalmente, pelo comportamento da sociedade e a conseqüente falta de respeito, de pais e alunos.
Lembro-me que na minha infância (E não faz tanto tempo assim!) havia algumas profissões que eram muito respeitadas, e entre elas estava o professor, a professora. Infelizmente, os tempos mudaram e hoje já não se dá o devido valor àqueles que se dedicam à educação.
Quando eu fui alfabetizado, a professora era vista por mim, e também pelos meus pais, como uma autoridade. Os pais até poderiam questionar alguma decisão da professora; as crianças, jamais. Podia até ocorrer alguns exageros, mas no somatório dos resultados, essa autoridade era sempre positiva.
Aliás, a função do professor era bem diferente da que eles desempenham atualmente. A educação começava em casa. As crianças sabiam que deviam respeitar os mais velhos, sabiam que as brincadeiras com os colegas tinham horários e limites. Haviam regras a serem seguidas. O professor passava novos conhecimentos e auxiliava na correção de alguns problemas na educação das crianças. Até entendo que o termo mais adequado para o professor era mestre e não educador. Educar era tarefa do pai, da mãe.
Hoje, com as mudanças que a sociedade sofreu, onde os adultos saem cedo de casa para o trabalho e não têm tempo para as crianças, na maioria dos casos, os pais estão mais preocupados em ter alguém que tome conta de seus filhos do que com a formação que eles terão. Ao invés de buscar um mestre, querem uma babá.
Como a estrutura que o Estado (a sociedade) oferece ao professor deixa muito a desejar, obviamente, este já não consegue instruir, muito menos educar. Como conseqüência temos, cada vez mais, crianças que não têm limites, que não respeitam nada. E o que é pior, professores desanimados, pensando em buscar outra atividade profissional.
O que no passado era um sonho (ser professor), hoje, em muitos casos, é um pesadelo. Infelizmente, por culpa de todos nós, e não destes profissionais, a alegria do professor está no feriado (Por não precisar ir à escola) e não na comemoração pelo seu dia.Conseguiremos mudar essa situação? Eu não sei! Mas tenho certeza que, sob pena de vivermos dias ainda piores, precisamos lutar pela dignidade e pelo respeito aos professores!

Quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Morte em vida
A véspera do feriadão do Dia da Criança foi de fortes emoções para mim. Na quarta-feira, pela manhã, eu tentava entender o que havia ocorrido na noite anterior, lá no interior de Santa Catarina, naquele duplo acidente estúpido, quando uma colega de trabalho chegou na Redação, visivelmente emocionada.
- Gente, sabe a menininha que aguardava por um transplante de coração... que fizemos matéria? Ela conseguiu um doador, fez a cirurgia, mas houve uma rejeição... Faleceu.
Quase fui às lágrimas com a história da menina de apenas cinco anos e de sua família, que acabaram vencidos pela doença.
No início da tarde, uma notícia na Internet, também de morte, levou-me a remexer nos meus baús de recordações. O falecimento de Luís Carlos Scala, zagueiro do Inter lá nos anos 60/70, vítima do Mal de Alzheimer, com apenas 67 anos, igualmente, entristeceu-me.
Mas as emoções da quarta-feira não tinham terminado. À noite, quando cheguei em casa, minha mãe, D. Flor, estava a minha espera.
- Sabe quem morreu? Perguntou, com uma tranqüilidade que talvez somente vivendo mais de 80 anos e com uma religiosidade muito forte para consegui-la.
Como sempre procuro agir nestas horas, disse, sem titubiar:
- Claro, o Scala.
Ela, que sequer sabia quem era Scala, falou:
- O Eron.
Não foi nenhuma surpresa para mim. Eu já temia que isso acontecesse, mas não pude evitar a exclamação:
- Meu Deus, que merda!
Na manhã de quinta-feira, fiz uma caminhada, depois peguei minha motinho, que é um santo remédio contra muitos males, entre eles o estresse e a depressão (Só precisa muito cuidado com os perigos do trânsito.) e rodei uns 80 km, de Novo Hamburgo a Santo Antônio da Patrulha, para despedir-me do amigo.
Aproveito, quando caminho ou ando de moto, para refletir sobre a vida. E a morte é, como diz a sabedoria popular, a coisa mais certa da vida. Logo, não me faltava assunto para a reflexão.
O que mais me incomoda, com relação ao Eron, não é a maneira como ele escolheu deixar essa vida. Minhas convicções religiosas me fazem acreditar que ele foi recebido na glória de Deus. Aborrece-me o fato de, enquanto ele viveu, não ter parado com todos os meus afazeres, num dia qualquer, para visitá-lo e dizer, como já havia contado a outras pessoas, o quanto eu gostava dele. Na minha adolescência, ele fora uma referência, um ídolo. Assim como eu admirava o Scala no futebol e sonhava jogar como ele, eu, tímido e sem graça, pensava um dia crescer e ser como o primo Eron.
- Meu Deus, que merda! O tempo passa, nossos conceitos mudam. Quem sabe, não havia alguma coisa boa em mim que pudesse ajudá-lo nesses últimos tempos.
- Meu Deus, que pena!

Sábado, 29 de setembro de 2007
Nem sempre o que se vê é ouro
Foi tão importante, quanto difícil, mas foi a primeira vez. E eu sabia que precisava enfrentar aquele momento e mostrar a mim mesmo que era capaz. Eu era um moço, cheio de vitalidade, não tinha por que ter medo daquela hora.
Mas havia alguns motivos de preocupação. Meus colegas, todos jovens inexperientes como eu, recuaram e nem sequer se animaram a correr os olhos sobre ela, muito menos tocá-la e, quiçá, penetrar nela e sentir o gozo que poderia nos oferecer.
Eu, que era um moço cheio de princípios, ia à igreja semanalmente, às vezes até participava da liturgia lendo os salmos ou a epístola, estava deveras apreensivo. Meus pais me ensinaram que devíamos fazer as coisas certas.
Foram algumas noites mal dormidas, de reflexão e tomada de decisão.
- Que Deus tenha misericórdia de mim e me livre do pior, pensava eu, quando chegou o dia combinado.
Naquela noite, tomei um banho mais demorado do que de costume, nem quis comer aquele feijão-mexido que até hoje a D. Flor, minha mãe, faz tão bem. Fui para a escola sentindo calafrios, o coração, às vezes, disparava.
Naquele ano, o Inter, meu time querido, novamente fazia um grande campeonato e estávamos prestes a conquistar, em cima do Corinthians, o bicampeonato brasileiro. Os colegas estranharam pois, ao contrário do que sempre ocorria, naquela noite nem de futebol eu queria falar. E os mais abusados logo perceberam o meu nervosismo e vieram com aquelas piadinhas de mau gosto:
- É hoje, eih, vê se na hora não vai amarelar, tu estás muito nervoso.
Eu estava nervoso, é verdade, mas tinha me preparado para a ocasião.
- Meu Jesus, que chegue a hora da verdade, pedi, silenciosamente, como sempre fazia quando me sentia acuado. Afinal, embora ainda jovem, eu tinha alguma intimidade com Deus e já tinha aprendido que podia confiar nEle. Mas para o que eu ia fazer, valia pedir socorro ao Criador?
Finalmente, tocou o sinal para o início da aula. Entrei na sala e até a professora percebeu que eu estava nervoso, mas mesmo assim, perguntou-me em tom encorajador:
- Pronto para o grande momento? Então venha à frente da classe e conte-nos.
Com as pernas trêmulas, levantei-me e caminhei, nervoso, mas sabendo o que teria que fazer. E comecei a contar a história para todos os colegas.
Eles me olhavam atentos, mesmo assim, fui dizendo o quanto havia sido prazeroso passar várias horas manuseando aquele livro, penetrando na história. Contei, com as minhas próprias palavras, a trajetória de “Fernão Capelo Gaivota”, uma ave que sonhava alçar vôos mais altos.
Foi muito importante para mim, pois aquela foi a primeira vez que tive a coragem de falar em público, de frente para as pessoas. E foi depois disso que percebi que eu poderia, mesmo sendo tímido, levar alguma mensagem às pessoas. E assim fui tomando gosto pela coisa e hoje me preparo para ser um sacerdote.
Ah, se você começou a ler este comentário imaginando que ele teria outro desfecho, lembre-se, nem tudo que se vê é ouro, nem sempre a primeira impressão é a verdadeira.

Segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Começando bem a semana
Você pode iniciar a sua semana maldizendo a chuva, afinal, são tantos dias com esse aguaceiro, mas a sua indignação não vai fazer brilhar o sol nesta segunda-feira.
Você pode não gostar de segunda-feira, mas não adianta riscá-la de seu calendário, pois terá que suportá-la para que possa, depois, viver a terça, a quarta, a quinta e então curtir outro final de semana.
Sendo assim, ignore a chuva, ou, quem sabe, deixe que ela toque em seu rosto como se fosse o carinho de uma pessoa que goste de você. Surpreenda seus amigos, aqueles que também não gostam de segundas-feiras, com um sorriso. Fazendo isso, poderá continuar chovendo e, certamente, a segunda-feira cumprirá todas as suas horas, minutos e segundos, mas você iniciará sua semana bem melhor.
Acredite, a segunda-feira passa, a chuva passa. Depois da segunda, logo ali, vem outro fim de semana e depois da chuva vem, outra vez, aquele sol maravilhoso.
Achou óbvio tudo o que eu disse? É, mas se você está de mau humor porque está chovendo e porque é segunda-feira, é por que você ainda não entendeu o óbvio.